VIDA FAMILIAR 


1 - O REGIME MATRIMONIAL  

Entre os muilas, predomina a poligamia, como regime matrimonial, constituindo as suas mulheres uma fonte de riqueza, não só pelos trabalhos que fazem,  mas também, e principalmente, pelo que recebem em pagamento, dos  homens que com elas praticam adultério.

Para chegar ao casamento, o muila principia, naturalmente, pelo namoro, seguindo neste o ritual que a seguir se transcreve: - Quando um rapaz pretende casar, depois de ter feito a escolha da que há de vir a ser sua companheira, encarrega uma irmã, prima ou sobrinha, de falar à rapariga pretendida, podendo, contudo, servir-se de outra pessoa de família como intermediária, mesmo que do sexo masculino. Obtida a concordância da rapariga, a intermediária - Raparigas depois do FICO (notar em ambas o uso dos búzios) ou  intermediário -  vai falar aos pais da pretendida. Se estes  concordarem com o casamento, a rapariga vai para a casa do pretendente, onde passa dois dias, dormindo com este, após o que regressa a sua casa. Quinze dias ou um mês depois, a pretendida volta  novamente à casa do pretendente, para  aí passar quatro dias, voltando a dormir com este. Contudo, tanto nas duas primeiras noites, como nas outras quatro, pretendida e pretendente não  podem ter relações sexuais, muito embora lhes seja permitido dormir abraçados.

Após os quatro dias passados em casa do pretendente, a rapariga regressa a sua casa e, seguidamente os pais ou o tio materno do rapaz, conforme este viva com os primeiros ou com o segundo, e sem que este os acompanhe, dirigem-se à casa dos pais da pretendida, levando uma cabaça de "macau" ou um garrafão de vinho e um pano, o que representa o pedido de casamento 10. Os pais da pretendida perguntam então a esta se aceita ou não o casa­mento e, se a resposta for positiva, bebem a bebida e ela recebe o pano e veste-o. No caso da resposta ser negativa, ou se ela ainda não estiver resolvida a casar, os seus pais bebem da mesma maneira a bebida 

Aceite o casamento, tanto pela pretendida como pelos seus pais, o rapaz, uma semana depois do pedido, vai dormir duas ou quatro noites em casa dela. Nessa altura, os pais ou o tio do pretendente levam aos pais da sua futura companheira os bois que, na altura do pedido, tiver ficado estipulado entregarem, como alambamento - "Nontunha". No dia em isto sucede, à tarde, a noiva vai, acompanhada de uma irmã ou prima mais velha, para casa do seu marido, levando consigo uma cabaça, uma quimbala e uma pa­nela, ficando assim realizado o casamento 11.

Se, posteriormente, o casamento vier a ser desfeito e a mulher tiver outro pretendente, este entrega ao ex-marido, em dobro, o alambamento por este entregue aos pais da mulher. Caso esta não volte a casar no prazoMãe de três filhso dos quais morreu um de dois anos - por vezes três -, o alambamento, também em dobro, é restituído ao ex-marido pela família.

O casamento é a maior ambição do homem, não por uma questão sentimental  mas porque a mulher é, para ele, uma fonte de riqueza. Com efeito, como já ficou dito, a mulher representa um capital, tanto maior quanto maior for o seu número, pelo número de braços que representa para o trabalho e, consequentemente, uma maior abundância de mantimentos, a esperança de um maior número de filhos que, sendo do sexo feminino, representarão mais tarde outra boa fonte de receita com o recebimento do alambamento e, por último, uma verdadeira mina que, bem explorada,  nos casos de adultério fará aumentar consideravelmente a sua riqueza com as "oukai" 12 que receberão então, dos amantes das suas mulheres.

A fidelidade conjugal é, como se depreende, uma rara excepção por parte da mulher à libertinagem geral que se verifica, sendo frequente aquela ter um ou dois amantes certos, além dos ocasionais.

Em geral, quando o marido descobre a infidelidade da mulher, pouco ou nada se mostra incomodado com tal facto, desde que, naturalmente, os que com ela tiveram relações paguem a indemnização que o adultério lhe dá o  direito a exigir, a qual consiste na entrega de um ou mais bois ou, muito raramente, de dinheiro, o que, como se disse já, contribui para aumentar a sua fortuna. É até frequente ser o próprio marido a  facultar e a facilitar à sua mulher a prática de adultério, de comum acordo.

Mãe de 3 filhos (notar o uso de aneis de caniço)Também se verifica, embora muito raramente, o adultério praticado de comum entre maridos e mulheres, consistindo na troca temporária de mulheres, entre amigos, a que chamam "Oku-liyepa". É considerada uma prova de amizade muito íntima, o marido exigir que a mulher vá compartilhar da cama de um amigo, por alguns dias, estando este disposto a prestar igual favor.

Pode pois constatar-se que, no casamento e por parte dos homens, apenas existe o amor "animal", para satisfação das suas necessidades fisiológicas e o amor "material", pelos benefícios que a mulher, de uma maneira geral, lhes proporciona.

É muito limitado o poder do chefe de família, quanto aos filhos. Com efeito, seguindo o muila o regime do matriarcado, os tios maternos mandam mais nos sobrinhos que os próprios pais. Pode pois dizer-se, que o poder do chefe de família se limita em mandar na mulher, nos campos de um e outro e nas alfaias e gado, porque estas coisas, como a mulher, ela própria, foram por ele compradas.

A mulher, por sua vez, apenas exerce influência sobre os filhos, enquanto estes forem menores.

Para chegar ao casamento, o muila principia, naturalmente, pelo namoro, seguindo neste o ritual que a seguir se transcreve: 

- Quando um rapaz pretende casar, depois de ter feito a escolha da que há de vir a ser sua companheira,Mãe de 3 filhos dos quais um morreu (outro angulo) encarrega uma irmã, prima ou sobrinha, de falar à rapariga pretendida, podendo, contudo, servir-se de outra pessoa de família como intermediária, mesmo que do sexo masculino. Obtida a concordância da rapariga, a intermediária - ou  intermediário -  vai falar aos pais da pretendida. Se estes concordarem com o casamento, a rapariga vai para a casa do pretendente, onde passa dois dias, dormindo com este, após o que regressa a sua casa. Quinze dias ou um mês depois, a pretendida volta novamente à casa do pretendente, para  aí passar quatro dias, voltando a dormir com este. Contudo, tanto nas duas primeiras noites, como nas outras quatro, pretendida e pretendente não  podem ter relações sexuais, muito embora lhes seja permitido dormir abraçados.

Após os quatro dias passados em casa do pretendente, a rapariga regressa a sua casa e, seguidamente, os pais ou o tio materno do rapaz, conforme este viva com os primeiros ou com o segundo, e sem que este os acompanhe, Mulher que teve um filho recentemente (notar a pintura e o uso da pele) dirigem-se à casa dos pais da pretendida, levando uma cabaça de "macau" ou um garrafão de vinho e um pano, o que representa o pedido de casamento. Os pais da pretendida perguntam então a esta se aceita ou não o casa­mento e, se a resposta for positiva, bebem a bebida e ela recebe o pano e veste-o. No caso da resposta ser negativa, ou se ela ainda não estiver resolvida a casar, os seus pais bebem da mesma maneira a bebida que lhes foi levada e ela recebe o pano, mas não o veste.  

Aceite o casamento, tanto pela pretendida como pelos seus pais, o rapaz, uma semana depois do pedido, vai dormir duas ou quatro noites em casa dela. Nessa altura, os pais ou o tio do pretendente levam aos pais da sua futura companheira os bois que, na altura do pedido, tiver ficado estipulado entregarem, como alambamento - "Nontunha". No dia em isto sucede, à tarde, a noiva vai, acompanhada de uma irmã ou prima mais velha, para casa do seu marido, levando consigo uma cabaça, uma quimbala e uma panela, ficando assim realizado o casamento.

Se, posteriormente, o casamento vier a ser desfeito e a mulher tiver outro pretendente, este entrega ao ex-marido, em dobro, o alambamento por este entregue aos pais da mulher. Caso esta não volte a casar no prazo de dois anos - por vezes três -, o alambamento, também em dobro, é restituído ao ex-marido pela família.

A fidelidade conjugal é, como se depreende, uma rara excepção, por parte da mulher, à libertinagem geral que se verifica, sendo frequente aquela ter um ou dois amantes certos, além dos ocasionais.

Em geral, quando o marido descobre a infidelidade da mulher, pouco ou nada se mostra incomodado com tal facto, desde que, naturalmente, os que com ela tiveram relações paguem a indemnização que o adultério lhe dá o direito a exigir, a qual consiste na entrega de um ou mais bois ou, muito raramente, de dinheiro, o que, como se disse já, contribui para aumentar a sua fortuna. É até frequente ser o próprio marido a facultar e a facilitar à sua mulher a prática de adultério, de comum acordo.

Também se verifica, embora muito raramente, o adultério praticado de comum entre maridos e mulheres, consistindo na troca temporária de mulheres, entre amigos, a que chamam "Oku-liyepa". É considerada uma provaMãe de 2 filhos de amizade muito íntima, o marido exigir que a mulher vá compartilhar da cama de um amigo, por alguns dias, estando este disposto a prestar igual favor.

Pode pois constatar-se que, no casamento e por parte dos homens, apenas existe o amor "animal", para satisfação das suas necessidades fisiológicas e o amor "material", pelos benefícios que a mulher, de uma maneira geral, lhes proporciona.

É muito limitado o poder do chefe de família, quanto aos filhos. Com efeito, seguindo o muila o regime do matriarcado, os tios maternos mandam mais nos sobrinhos que os próprios pais. Pode pois dizer-se, que o poder do chefe de família se limita em mandar na mulher, nos campos de um e outro e nas alfaias e gado, porque estas coisas, como a mulher, ela própria, fo­ram por ele compradas.

A mulher, por sua vez, apenas exerce influência sobre os filhos, enquanto estes forem menores.


VOLTAR À PÁGINA ANTERIOR

SAIR

IR PARA A PÁGINA SEGUINTE